terça-feira, 7 de março de 2017

Trabalhos de Tania Alves no Teatro: “Calabar, o Elogio da Traição" (1980)

(Foto: Claudia Alcovér)

De Chico Buarque e Ruy Guerra, a peça "Calabar, o elogio da traição" foi escrita em 1973, em pleno vigor do AI-5, mas não chegou a estrear. A censura proibiu sua exibição, assim como quaisquer outras referências ao episódio na imprensa.

A peça, construída como um musical, gira em torno do nome de Domingos Fernandes Calabar, homem que a história oficial considerou traidor da pátria por ter ajudado os holandeses a conquistar parte do nordeste brasileiro no século XVII.

"O texto falava de uma reflexão sobre o hoje e o aqui, sobre a responsabilidade, a ética,a opção e os possíveis destinos do homem num mundo de guerra e paz. E a figura de Calabar,que desde a escola primária nos ensinam que foi um traidor, para os holandeses, entretanto, Calabar é um herói. Ruy Guerra e Chico Buarque desmistificam, com inteligência e sensibilidade,o conceito de traidor", afirmou o diretor do espetáculo, Fernando Peixoto.

O espetáculo, produzido por Fernando Torres e Fernanda Montenegro, deveria estrear em novembro de 1973, no Teatro João Caetano (RJ), mas, faltando poucos dias para a estreia, o texto foi apreendido para ser reexaminado. Cerca de três meses depois, já em 1974, a peça foi proibida, provocando “o maior prejuízo (na época, mais de Cr$ 400 mil) jamais causado pela censura a uma produção isolada”.

Sete anos após a censura, em 24 de janeiro de 1980, o texto foi anistiado e liberado para uma montagem no Teatro São Pedro, em São Paulo, com Martha Overbeck, Othon Bastos, Tania Alves e Renato Borghi no elenco e direção do próprio Peixoto. A peça estreou quatro meses depois. O crítico Sábato Magaldi em artigo publicado 16/05/80, ressaltou que "Tânia Alves (Bárbara), das poucas atrizes que interpretam e cantam com bonita voz".

(Foto: Claudia Alcovér)

Ficha Técnica

Autoria
Chico Buarque
Ruy Guerra

Direção
Fernando Peixoto

Direção (assistente)
Wagner de Paula

Direção de cena
Paulo Carrera

Cenografia
Helio Eichbauer

Figurino
Helio Eichbauer

Iluminação
Mário Masetti

Trilha sonora
Chico Buarque

Coreografia
Zdenek Hampl

Produção
Martha Overbeck

Othon Bastos
Othon Bastos Produções Artísticas
Renato Borghi

Produção executiva
Eliane Bandeira


Elenco

Sérgio Mambert - Frei Manoel do Salvador
Othon Bastos - Mathias de Albuquerque e Maurício de Nassau
Tânia Alves - Bárbara
Martha Overbeck - Anna de Amsterdã
Osmar di Pieri - Oficial Holandês
Gésio Amadeu - Henrique Dias e Papagaio Oba
Miguel Ramos - Felipe Camarão e Escrivão
Elifas Andreato - Agente da C.I.O
Ariel Moshe
Dadá Cyrino
Édsel Britto
Ina Rodrigues
Luiz Braga
Luiz Carlos Gomes
Mercedes de Sousa
Mônica Brant
Samuel Santiago
Wilson Rabelo
Zdenek Hampl




Fontes de Consulta
* Site Chico Buarque oficial - http://www.chicobuarque.com.br
* CALABAR, o Elogio da Traição. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. 
* Lirismo e contestação política em Calabar, o elogio da traição, de Chico Buarque e Ruy Guerra. http://www.fatea.br. 
* O Conteúdo Político na Dramaturgia de Chico Buarque: “Calabar”, “Gota D’água”, “Os Saltimbancos” e “Ópera do Malandro”. Cremilda da Silva Aguiar Wanderley. Universidade Presbiteriana Mackenzie.  
* A reescrita da história em  Calabar, o elogio da traição. Elzimar Fernanda Nunes. UNB. 2002.
* Marco da censura no Brasil, Calabar faz 40 anos com nova montagem. Por Rodrigo Fonseca. O Globo: 12/05/2013
* Fernando Peixoto - Em Cena Aberta. Marilia Balbi. Imprensa Oficial. São Paulo, 2009.
* Blog http://kkalcover.blogspot.com.br/
* OTHON BASTOS O BAIANO INCANSÁVEL - Blog Astros em Revista
* Centro Sérgio Buarque de Holanda de Documentação e História Política



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