De Chico Buarque e Ruy Guerra, a peça "Calabar, o elogio da traição" foi escrita em 1973, em pleno vigor do AI-5, mas não chegou a estrear. A censura proibiu sua exibição, assim como quaisquer outras referências ao episódio na imprensa.
A peça, construída como um musical, gira em torno do nome de Domingos Fernandes Calabar, homem que a história oficial considerou traidor da pátria por ter ajudado os holandeses a conquistar parte do nordeste brasileiro no século XVII.
"O texto falava de uma reflexão sobre o hoje e o aqui, sobre a responsabilidade, a ética,a opção e os possíveis destinos do homem num mundo de guerra e paz. E a figura de Calabar,que desde a escola primária nos ensinam que foi um traidor, para os holandeses, entretanto, Calabar é um herói. Ruy Guerra e Chico Buarque desmistificam, com inteligência e sensibilidade,o conceito de traidor", afirmou o diretor do espetáculo, Fernando Peixoto.
O espetáculo, produzido por Fernando Torres e Fernanda Montenegro, deveria estrear em novembro de 1973, no Teatro João Caetano (RJ), mas, faltando poucos dias para a estreia, o texto foi apreendido para ser reexaminado. Cerca de três meses depois, já em 1974, a peça foi proibida, provocando “o maior prejuízo (na época, mais de Cr$ 400 mil) jamais causado pela censura a uma produção isolada”.
Sete anos após a censura, em 24 de janeiro de 1980, o texto foi anistiado e liberado para uma montagem no Teatro São Pedro, em São Paulo, com Martha Overbeck, Othon Bastos, Tania Alves e Renato Borghi no elenco e direção do próprio Peixoto. A peça estreou quatro meses depois. O crítico Sábato Magaldi em artigo publicado 16/05/80, ressaltou que "Tânia Alves (Bárbara), das poucas atrizes que interpretam e cantam com bonita voz".
(Foto: Claudia Alcovér)
Ficha Técnica
Autoria
Chico Buarque
Ruy Guerra
Direção
Fernando Peixoto
Direção (assistente)
Wagner de Paula
Direção de cena
Paulo Carrera
Cenografia
Helio Eichbauer
Figurino
Helio Eichbauer
Iluminação
Mário Masetti
Trilha sonora
Chico Buarque
Coreografia
Zdenek Hampl
Produção
Martha Overbeck
Othon Bastos
Othon Bastos Produções Artísticas
Renato Borghi
Produção executiva
Eliane Bandeira
Elenco
Sérgio Mambert - Frei Manoel do Salvador
Othon Bastos - Mathias de Albuquerque e Maurício de Nassau
Tânia Alves - Bárbara
Martha Overbeck - Anna de Amsterdã
Osmar di Pieri - Oficial Holandês
Gésio Amadeu - Henrique Dias e Papagaio Oba
Miguel Ramos - Felipe Camarão e Escrivão
Elifas Andreato - Agente da C.I.O
Ariel Moshe
Dadá Cyrino
Édsel Britto
Ina Rodrigues
Luiz Braga
Luiz Carlos Gomes
Mercedes de Sousa
Mônica Brant
Samuel Santiago
Wilson Rabelo
Zdenek Hampl
Fontes de Consulta
* Site Chico Buarque oficial - http://www.chicobuarque.com.br
* CALABAR, o Elogio da Traição. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. * A reescrita da história em Calabar, o elogio da traição. Elzimar Fernanda Nunes. UNB. 2002.
* Marco da censura no Brasil, Calabar faz 40 anos com nova montagem. Por Rodrigo Fonseca. O Globo: 12/05/2013
* Fernando Peixoto - Em Cena Aberta. Marilia Balbi. Imprensa Oficial. São Paulo, 2009.
* Blog http://kkalcover.blogspot.com.br/
* OTHON BASTOS O BAIANO INCANSÁVEL - Blog Astros em Revista
* Centro Sérgio Buarque de Holanda de Documentação e História Política
Nenhum comentário:
Postar um comentário