Tania Alves e o ator Tonico Pereira, a quem conheceu no final dos anos 60, na época do Grupo Laboratório (que ele participava) e do Coral Musicantata (que ela participava).
Em meados dos anos 60, como o pai de Tania Alves trabalhava em uma empresa alemã, ela foi estudar este idioma no Instituto Cultural Brasil Alemanha (atual Instituto Goethe), onde entrou em contato com a música erudita. Lá teve aulas de canto lírico com as professoras Fátima Alegria e Charlotte Lehmann – foi com elas que começou a desenvolver a voz de soprano - , e fez curso de música barroca, além de participar do coral.
No Instituto, ela cantava Liszt, Schumann, Häendel e Bach.
Pouco depois, Tania integrou o Grupo Musicantata, juntamente com José Carlos Gondim, Eduardo Rosa, Cícero Siqueira e Nazaré Silvério. Na Universidade Federal Fluminense, ensaiando com o Grupo Musicantata, com cerca de 15 anos, Tania conheceu os atores Imara Reis e Tonico Pereira, com quem trabalharia pouco depois nos espetáculos de Luiz Mendonça. Imara e Tonico participavam do Grupo Laboratório, formado em 1968 por alunos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF). O diretor era o mesmo José Carlos Gondim, que também participava do Grupo Musicantata.
"Lá conheci pessoas fascinantes e apavorantes. Caí numa constelação de jovens como eu, mas tão diferentes de mim: o próprio Gondin, Imara Reis – atriz, cabelos descoloridos, engajada politicamente, fumante, já tomava a pílula, que medo! – e... Tonico Pereira. Eu era cantora lírica, virgem e lia Os Vedas...", lembra Tania no livro 'Tonico Pereira Um Ator Improvável ', da Coleção Aplauso.
"Em 1969, ganhamos (o Grupo Laboratório) o Festival de Teatro Jovem lá de Niterói, no Teatro Municipal, e aconteceu que eu e o Tonico (Pereira) recebemos prêmio de atores coadjuvantes. Foi nessa ocasião que conheci a Tania Alves. Neste evento se apresentou um grupo de câmara, de música erudita, do qual o Gondim também fazia parte. Era um grupo que cantava músicas clássicas, só que de uma maneira contemporânea, com um tipo de arranjo pertinente às poucas pessoas que constituíam esse grupo vocal. Devia ter apenas seis pessoas ou algo assim. O que eu me lembro é que uma das músicas apresentadas era uma cantata, e de repente começou a cantar uma soprano, que tinha um timbre dos deuses. Era um anjo cantando. Algo extraordinariamente belo, uma voz de cristal. Depois eu vim descobrir que era a Tania, para quem o Gondim me apresentou. A mãe dela, inclusive, a chamava de Cristalzinho. Fiquei fascinada por aquele ser tão diferente de mim. Aliás, sou extremamente atraída pelo oposto, pelo diferente. Eu era toda revolucionária e, ela, moça bem comportada, toda perua para os meus padrões. A gente hoje se diverte quando ela conta que morria de medo de mim nessa época, por causa disso. Mesmo não sendo inicialmente tão próximas como viemos a ser depois. Nós frequentávamos universos muito diferentes, e o mundo dela foi algo que me impactou muito!", conta a atriz Imara Reis no livro 'Imara Reis Van Filosofia', da Coleção Aplauso.
A incursão de Tania pela música erudita durou dos 15 aos 20 anos. Ela chegou a cantar no coral da UFBA e apresentou a Missa em Dó Menor de Beethoven, no Teatro Castro Alves, quando morou em Salvador.
Pesquisa: Blog Tania Alves (As Cantrizes).
Fontes:
Tania Maria Bonita Alves
Fernando Cardoso
Imprensa Oficial - São Paulo, 2010. Coleção Aplauso
Tonico Pereira Um Ator Improvável
Eliana Bueno-Ribeiro
Imprensa Oficial - São Paulo, 2010. Coleção Aplauso
Imara Reis Van Filosofia
Thiago Sogayar Bechara
Imprensa Oficial - São Paulo, 2010. Coleção Aplauso